EUA, Rússia, Grã-Bretanha, China, França e Alemanha à Genebra negociar com Irã

23/11/2013 08:38

         O Irã e as grandes potências reunidas no grupo 5+1 se aproximavam de um acordo sobre o programa nuclear de Teerã, e os ministros das Relações Exteriores das grandes potências estarão neste sábado em Genebra para tentar fechar um acordo com os iranianos.

         O anúncio da viagem dos cinco chanceleres a Genebra ocorre após o chefe dos negociadores iranianos, Abbas Araghchi, revelarem nesta sexta-feira que "nos aproximamos de um acordo em grande medida (...), mas ainda restam temas importantes pendentes".

         Vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Araqchi "não confirmou ou desmentiu" as informações da imprensa iraniana segundo as quais o grupo 5+1 aceitou o "direito" de Teerã de enriquecer urânio em seu território. "As negociações ainda não terminaram", assinalou Araghchi. O chanceler russo, Sergei Lavrov "já está em Genebra para participar das discussões sobre o programa nuclear iraniano", declarou a porta-voz russa Maria Sarkhova.

         “O secretário americano de Estado, John Kerry, viaja a Genebra com o objetivo de reduzir as divergências e promover um acordo”, informou a porta-voz Jen Psaki.

         O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, "chega nesta madrugada a Genebra para as discussões sobre o programa nuclear iraniano", declarou um diplomata francês, enquanto o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, revelou no Twitter que se unirá as negociações no sábado. O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, "estará em Genebra no sábado", disse um porta-voz do governo.

         O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, "partiu de Pequim esta manhã (sábado) em direção a Genebra", revelou o site do ministério. Apenas os ministros das Relações Exteriores dos países que estão nas negociações podem assinar um acordo. Majid Tajt Ravanshi, um dos membros da equipe de negociadores, havia informado durante a tarde que "os pontos de vista se aproximaram" em Genebra.

         Os membros do grupo 5+1 "devem reconhecer o direito do Irã ao urânio enriquecido", ressaltou Tajt Ravanshi, que antecipou a prorrogação das discussões até o sábado. Assim como na véspera, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, se reuniu na manhã desta sexta-feira com o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, antes de informar as grandes potências do 5+1, as quais representa, sobre o debatido nesta conversa.

         Um diplomata europeu confirmou que "fizemos progressos, também em questões substanciais. Cada vez há menos pontos a resolver, embora os que restem são evidentemente os mais duros". As negociações se baseiam em um texto de 9 de novembro, redigido durante a rodada anterior de negociações, que terminou sem acordo.

         Este projeto de acordo temporário de seis meses, que, segundo uma fonte ocidental, seria renovável, prevê que o Irã limite seu programa nuclear em troca da suavização das sanções internacionais contra o país.

         Um dos principais assuntos sobre a mesa é o futuro das reservas iranianas de urânio enriquecido a 20% (a barreira a partir da qual é possível obter rapidamente uma porcentagem de 90%, que permite a fabricação de uma bomba nuclear).

         O ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon, advertiu que se houver um acordo com Teerã "ainda restará muita coisa a fazer". "Acreditamos que o acordo que está sobre a mesa de negociações é ruim. Se for assinado, ainda restará muita coisa a fazer para confrontar o Irã ao dilema: a bomba ou a sobrevivência" do regime. Yaalon acusou o Irã de "querer se dotar de um guarda-chuva nuclear para promover suas atividades terroristas no mundo, como utilizar uma bomba suja (radioativa) contra diferentes alvos no mundo ocidental".  "É por isto que de uma maneira ou outra o projeto nuclear militar do Irã deve ser detido", assinalou Yaalon, após um encontro com o secretário americano de Defesa, Chuck Hagel, no Canadá.